segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Ícaro morreu

Era sábado, começava a madrugada e eu voltando para casa com algumas cervejas na cabeça e um cigarro na mão. Quando o avistei, de imediato soube que precisava de cuidados, havia alguns arranhões em seu rosto, seu corpo parecia partido mas nada que não pudesse ser reparado, reconstruído, repensado, principalmente nessa casa onde tudo se transforma. Fiz planos para ele, o queria por perto. Vi algo de belo em seu semblante, apesar da tristeza demostrada no rosto. Segurei no colo, joguei o cigarro fora para melhor acomodá-lo, dei-lhe um nome, Ícaro.
Como o grego, meu Ícaro também não sabia voar, não soube aproveitar as asas recém ganhadas, ou já havia perdido o gosto pela vida. Assim que chegamos, Ícaro cometeu suicídio. Jogou-se dos meus braços para o chão. Não se preocupou com sua fragilidade, talvez tenha se esquecido que era de gesso. Não chorei, cheguei a pensar que poderia ter tido culpa, ele pode ter se sentido furtado, pode ter se sentido preso, mas meu sofrimento não mudaria nada.
Ícaro agora é só pedaços, vou jogar seus restos mortais no lixo não reciclável.

Ícaro após o suicídio


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