terça-feira, 28 de junho de 2011

Sobre Cataguases, a família e o encontro

Olá Amigo virtual!
Tenho que compartilhar com você as coisas incríveis que aconteceram nesse feriado, o 3º encontro da família foi maravilhoso, eles são ótimos e voltei cheia de novidades.
Duvido que você saiba que temos 2 painéis de Portinari na cidade, ou que o colégio Cataguases foi um projeto do Niemeyer e os jardins são de Burle Marx. Aposto contigo que nunca soube que Chico Buarque estudou durante um tempo em um colégio interno de Cataguases. A cidade (e a família) tem um envolvimento cultural forte. Enfim, realmente é o melhor lugar do mundo e tudo isso me deixou cheia de orgulho das minhas origens.
O encontro foi maravilhoso, quatro gerações da família de diferentes lugares do Brasil, um mais doido que o outro, aliás, lá tinha todo tipo de maluco que você pode imaginar. Desde o “maluco beleza” até o louco surtado, passando por aqueles que parecem completamente desconexos da realidade mas que às vezes dizem algo brilhante, sabe?
Você tinha que conhecer meu tio patriarca da família, no próximo ano completa um centenário, já vamos começar a pensar na grande festa. Tio Zé é de uma vitalidade incrível, boa postura, super ativo. Conta "causos" como poucos, gosta de dançar e se brincar toma uma cachacinha.
No sítio que acampamos havia uma mangueira mágica, não conseguimos chegar em consenso quanto seus frutos, alguns acreditavam que dava jaca, outros, dentre os quais eu, acreditávamos que já dava o doce de manga pronto, foi tanto doce de manga que voltei com os dedos da mão direita meio amarelados, às vezes no meio da festa um primo falava “vamos colher manga” e íamos todos felizes e voltávamos mais felizes ainda, todo mundo rindo, de noite e de óculos escuros, uma beleza de doce de manga.
Você acredita que meu dente do siso resolver nascer durante o encontro? Acho que nem ele quis perder esse momento. Me incomodou um pouco, mas confesso que passei os quatro dias um tanto anestesiada pela cerveja, pelo doce de manga e por querer aproveitar muito aquele momento.
O que mais lamentei é que acabou rápido demais. Acredito que os dias nos enganaram e aproveitaram nossa distração para terem menos que 24 horas, os dias devem ter tirado uma folga também, injusto folgar justo no encontro familiar. O sol também apareceu, porém aproveitei mais o céu noturno. Ele é impressionante, disse isso várias vezes sob a mangueira, duvido que naquele céu possamos ver apenas 3000 estrelas, são muitas mais.
Pra finalizar tenho que dizer que está muito difícil voltar à realidade, gostaria de ter ficado mais naquele sitio, naquela barraca e com aquela família reunida, como não restou opções aguardo ano que vem, embora confesse que foi muito bom voltar para minha cama. 
Prometo fotos.

Beijos e abraços,
Ju.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Mário Prata

Ando meio viciada em Mário Prata, tenho lido vários livros, várias crônicas e gostado cada vez mais. Segue uma de suas crônicas que acho fantástica.

Em defesa da mulher fumante


Antes de mais nada, vamos deixar uma coisa bem clara. Não estou aqui a defender o cigarro (de tabaco). Sei de tudo, não precisa mandar cartinha para a redação reclamando. Bem para a saúde não deve fazer. Mais ou menos como respirar o ar de uma cidade como São Paulo durante anos e anos. Como é que os pais têm coragem, hoje em dia, de colocar uma criança para respirar aquilo?
O que eu quero defender são as pessoas que fumam.
Nesta campanha contra o tabagismo (liderada pelo país do Bush e só seguida pelo Brasil, em todo o mundo), o fumante virou bandido e ignorante. E o cerco está se fechando cada vez mais sobre nós. Somos caçados como traficantes dos morros. Estamos proibidos de freqüentar os melhores lugares.
Não podemos mais entrar em lugar nenhum (nos Estados Unidos e aqui). Nem em bar de aeroporto podemos mais fumar. Já tem prédio inteiros onde não se pode fumar.
Mas se a gente fuma é porque vendem. Se vendem é porque fabricam. Dinheiro! E eu, que entro com dois reais por dia nesta grande negociata, é que tenho que pagar o pato?
Dizem que somos minoria, minha amiga. Só que todas as minorias têm seus defensores, seus líderes, suas ONGS. Nós não temos. Nós somos burros e pronto. Ninguém vai te defender, menina.
Quando eu acendo um cigarro em algum lugar fora da minha casa, me olham. Me secam! Me olham com uma mistura de ódio e pena. E devem pensar: vai morrer, o babaca.
Mas é para as mulheres que eles olham com mais desdém. Como se estivéssemos no começo do século 20, devem achar que elas não prestam, que não merecem o nosso respeito e, em alguns casos, nem a nossa (deles) amizade.
Por que é que você quem não fuma ou deixou de fumar (e sofre desesperadamente até hoje, esperando morrer mesmo com uma bala perdida), por que você nos trata assim? É da sua conta, como diria meu pai?
Você não fuma, mas bebe. Você não fuma, mas sonega imposto. Você não fuma, mas trai a sua mulher. Você, não fumante, pode tudo. E nós não queremos nada. Queremos só fumar.
Fico vendo filmes americanos antigos. Todos fumam. Todos. Outro dia revi o famoso concerto com o Sinatra e o Tom Jobim. Os dois cantando Garota de Ipanema e fumando ao mesmo tempo. Fumar nem desafina, seu desafinado!
Pior que você, que nunca fumou, são aqueles que pararam. Deviam andar com uma advertência escrita na testa: não fumar pode dar câncer no saco! Tanta gente passando fome no Brasil, tanta gente sem teto, sem terra, tanta gente sem saber escrever e vocês preocupados com os que fumam? Sim, o governo e toda a sociedade estão contra nós. Nos tornamos inimigo público número um. Porra, não é mais fácil parar de fabricar e de vender?
Porque se mata mesmo, se dá câncer mesmo, o governo que deixa a mercadoria solta por aí é responsável por todas as mortes de fumantes. Ou estou louco, viajando?
Você estava lendo a revista calmamente e, de repente, caiu aqui neste desabafo entre uma tragada e outra. Te peço desculpas, minha leitora (fumante ou não). Eu só queria dizer que fumante também cria seus filhos, pagas suas contas, ama, se diverte. E morre da mesma maneira que você, que não fuma.
Só nos deixe viver em paz! O título é em defesa da mulher que fuma, pois acho que ela fica ainda mais encabulada. Tem homens, conheço alguns, que já andam virando mesa de restaurante e dando porrada em pentelho ex-fumante.
Brincando ou não, tenho medo que isto ainda vire uma guerra civil.
Tudo bem, vamos todos parar de fumar, mas vocês aí, vêem se maneram na repressão. A gente é do bem.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Por falar no Chico...

O novo álbum do Chico vem recheado de músicas inéditas, serão 16 ao todo. Até o momento, tudo é uma grande surpresa, mas o mistério acaba na próxima semana para quem quiser se antecipar e adquirir o disco na fase de pré venda.
Essa é a  grande novidade que cerca este álbum, terá pré venda exclusiva pela internet à partir de segunda-feira (20/06). E quem embarcar terá uma senha exclusiva de acesso ao site e encontrará além das músicas e capa do cd, clips para cada uma das músicas novas, videos dos bastidores, uma entrevista exclusiva e outros agradinhos que serão liberados em doses homeopáticas e diárias.
O lançamento oficial do álbum será em 20 de julho de 2011.
Para comprar à partir de 20 de junho acesse o site: www.chicobastidores.com.br, dizem por aí que o preço será R$ 29,90.
Por enquanto tem um video explicativo por lá...

Beijos!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Acervo Chico Buarque no jobim.org


O site do Instituto Tom Jobim lança acervo especial do cantor, compositor (e tudo) Chico Buarque. São centenas de fotos, manuscritos, reportagens e música, muita música para nos levar ao deleite. Além disso, acontece amanhã no Rio a abertura de uma exposição gratuita de parte do material do acervo.
E para a próxima semana pré lançamento do novo álbum do Chico. Estou aguardando ansiosamente!

acessem: www.jobim.org


fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/929957-chico-buarque-vai-vender-cotas-de-disco-na-internet.shtml

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Encontros que a vida permitia
Beijos que a língua trazia
Quente como o ouvido ouvia
Zumbido que a pele sentia
Gozo que na pele morria
Morte que a distância jazia

quinta-feira, 9 de junho de 2011

  - Mas não se preocupe, dessa vez não fugirei dos chavões. Direi uma frase de efeito e saio batendo a porta, esperando que isso ecoe o resto da noite em seu ouvido.
[...]

Lua Adversa - Cecilia Meireles


Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha .

Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
  
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Para escrever melhor

Esse texto traz de uma maneira bem legal os erros mais comuns que cometemos na hora de escrever. 



1.Vc. deve evitar abrev., etc.
2.Desnecessário faz-se empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado, segundo deve ser do conhecimento inexorável dos copidesques. Tal prática advém de esmero excessivo que beira o exibicionismo narcisístico.
3.Anule aliterações altamente abusivas.
4.“não esqueça das maiúsculas”, como já dizia dona loreta, minha professora  lá no colégio alexandre de gusmão, no ipiranga.
5.Evite lugares-comuns assim como o diabo foge da cruz.
6.O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
7.Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
8.Chute o balde no emprego de gíria, mesmo que sejam maneiras, tá ligado?
9.Palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa porcaria.
10.  Nunca generalize: generalizar, em todas as situações, sempre é um erro.
11.  Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontra repetida.
12.  Não abuse das citações. Como costuma dizer meu amigo: “Quem cita os outros não tem idéias próprias”.
13.  Frases incompletas podem causar.
14.  Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez. Em outras palavras, não fique repetindo a mesma idéia.
15.  Seja mais ou menos específico.
16.  Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17.  A voz passiva deve ser evitada.
18.  Use a pontuação corretamente o ponto e a vírgula especialmente será que ninguém sabe mais usar o sinal de interrogação
19.  Quem precisa de perguntas retóricas?
20.  Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21.  Exagerar é cem bilhões de vezes pior do que a moderação.
22.  Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”
23.  Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24.  Não abuse das exclamações! Nunca! Seu texto fica horrível!
25.  Evite frases exageradamente longas, pois estas dificultam a compreensão da idéia contida nelas, e, concomitantemente, por conterem mais de uma idéia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçando, desta forma, o pobre leitor a separá-la em seus componentes diversos, de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
26.  Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língüa portuguêza.
27.  Seja incisivo e coerente, ou não.
Autor desconhecido

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Não sejas o de hoje

Não sejas o de hoje.

Não suspires por ontens...

Não queiras ser o de amanhã.

Faze-te sem limites no tempo.

Vê a tua vida em todas as origens.

Em todas as existências.

Em todas as mortes.

E sabe que serás assim para sempre.

Não queiras marcar a tua passagem.

Ela prossegue.

É a passagem que se continua.

É a tua eternidade...

É a eternidade...

És tu.
(Cecília Meireles)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sobre Magnólia e a chuva de Sapos

Poster do Filme Magnólia (1999)



Estava procurando na internet pôsteres de filmes e passeando por sites, encontrei o pôster do filme Magnólia, justamente com aquela cena da chuva de sapos. Rapidamente me lembrei de todo o filme, devo ter assistido em 2007 ou 2008, na ocasião fiquei extasiada, adorei. Mas não sei bem porque, apaguei totalmente da memória, até este exato momento, onde me deparo novamente com a chuva de sapos e me dá uma vontade irresistível de falar sobre o filme.
Magnólia trata de várias questões difíceis, trata de doenças profundas da sociedade moderna ultracapitalista. Trata de pais molestadores e filhos que crescem doentes diante dos abusos e falta de amor recebidos. Trata de pessoas gananciosas e sem medo de se venderem facilmente, como o pai que vê no filho genial apenas o meio mais fácil de ganhar dinheiro, participando de um desses programas de Quiz, que está há mais de 30 anos no ar e é entretenimento para milhares de pessoas. Este programa é o ponto em comum entre todos os 09 personagens centrais, como o apresentador e produtor que está com câncer e muito cansado da forma que escolheu viver, a filha deste apresentador que foi abusada sexualmente na infância pelo próprio pai e se tornou viciada em cocaína ou a criança recordista do programa, já adulto, cheio de dúvidas e vivendo de maneira medíocre, tendo como único ponto interessante em sua vida a passagem pelo programa.Temos ainda o outro produtor do programa, também com câncer, já prestes a morrer e seu fiel enfermeiro, que o ajudará a reencontrar com o filho, um macho alfa Premium que vende vídeos com o tema “Seduza e destrua”, e traz ensinamentos do tipo: “Respeitem o pênis e domem a vagina! Homens nasceram para comandar: é biológico, antropológico e animal”, ele foi abandonado pelo pai com 14 anos de idade e teve de cuidar da mãe que estava prestes a morrer também de câncer. A segunda esposa do produtor sempre o traiu, casou por interesse mas neste último momento se descobre apaixonada pelo marido e com remorso pela herança que irá receber provavelmente ela será a próxima "vítima" de câncer pois sempre é evidenciado seu caráter psicossomático nos personagens.
 Em meio a tantos dramas pessoais complexos vem a redenção com a chuva... de sapos. Esquecendo um pouco as referencias bíblicas do filme, acredito que a intenção do diretor foi de usar o símbolo do sapo para representar a evolução, a limpeza e a transformação, como acreditam os xamãs. Tempos de evoluir, ainda que pareça improvável, tanto quanto a própria chuva de sapos...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Salário - Carlos Drummond de Andrade

Ó que lance extraordinário:
aumentou o meu salário
e o custo de vida, vário,
muito acima do ordinário,
por milagre monetário
deu um salto planetário.
Não entendo o noticiário.
Sou um simples operário,
escravo de ponto e horário,
sou caxias voluntário
de rendimento precário,
nível de vida sumário,
para não dizer primário,
e cerzido vestuário.
Não sou nada perdulário,
muito menos salafrário,
é limpo meu prontuário,
jamais avancei no Erário,
não festejo aniversário
e em meu sufoco diário
de emudecido canário,
navegante solitário,
sob o peso tributário,
me falta vocabulário
para um triste comentário.
Mas que lance extraordinário:
com o aumento de salário,
aumentou o meu calvário!





quarta-feira, 1 de junho de 2011

"- Vamos entrar...
- Não tenho tempo!
- O que é que houve?
- O que é que há?
- O que é que houve, meu amor, você cortou os seus cabelos?
- Foi a tesoura do desejo, desejo mesmo de mudar..."      (Alceu Valença - Tesoura do desejo)