quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eu não sei dizer
Nada por dizer
Então eu escuto
Se você disser 
Tudo o que quiser
Então eu escuto
Fala 
Fala
Se eu não entender
Não vou responder
Então eu escuto
Eu só vou falar
Na hora de falar
Então eu escuto
Fala 
Fala


(Fala - Secos e Molhados)




Secos e Molhados 1973

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
(Relicário - Nando Reis)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Depois de pensar um pouco
Ela viu que não havia mais motivo e nem razão
E pode perdoá-lo


É fácil culpar os outros
Mas a vida não precisa de juízes
A questão é sermos razoáveis


E por isso voltou
Porque sempre o amou
Mesmo levando a dor
Daquela mágoa
Mas segurando a sua mão
Sentiu sorrir o coração
E o amou como nunca havia amado


Mas como começar de novo
Se a ferida que sangrou 
Acostumou a me sentir prejudicado


É só você lavar o rosto
E deixar que a água suja
Leve longe do seu corpo
O infeliz passado


E por isso voltou
Pra quem sempre amou
Mesmo levando a dor
E aquela mágoa
Mas segurando a sua mão
Sentiu sorrir o coração
E o amou como nunca havia amado


E viveram felizes... Para sempre
Eles estavam livres da perfeição que só fazia estragos.


(Nando Reis)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Resíduo - Drummond







De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
 vazio   de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Era um delírio danado
De queimar as pestanas dos olhos
Um tremor batendo no peito
E esse adeus que tem gosto de terra
Ah! Meu amor!
Não se entregue sem mim
Ah! Meu amor!
Eu só quero avoar"

(Lenine)
" Lá vai deus sem sequer saber de nós
Saibamos pois,
Estamos sós..."

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

"Já me cansei de ser a última a saber de ti
Se todo mundo sabe quem te faz chegar mais tarde
Eu já cansei de imaginar você com ela
E diz pra mim se vale a pena amor..."

Pessoa

"Repudiei sempre que me compreendessem. Ser compreendido é prostituir-se. Prefiro ser tomado a sério como o que não sou, ignorado humanamente, com decência e naturalidade." 

  


"Nós nunca nos realizamos. 
  Somos dois abismos — um poço fitando o Céu."



Trechos do Livro do Desassossego - Fernando Pessoa

Fernando Pessoa


Emotividade

EMOTIVIDADE pode ser descrita como a capacidade de sair de um estado harmônico interior pela alegria ou pela tristeza. Equivale a produzir uma reação excessiva diante de um acontecimento, idéia ou sensação, que acaba gerando uma perturbação de maior ou menor duração e intensidade, do equilíbrio psicológico e psíquico. Não vamos confundir com ternura, compaixão, afetividade, sensibilidade! Vamos considerar o Emotivo nas polaridades paralisante / estimulante; as duas se complementam e dão sal e tempero à vida. Vale lembrar que todo mundo é emotivo - em maior ou menor grau. São seus sinais:
A desproporção entre a gravidade do acontecimento e a reação, o abalo psicológico decorrente;
- O humor muda por um nada, uma palavra mais áspera, um objeto não encontrado;
- Se comove muito mais facilmente que a média dos indivíduos, tem tendências à dramatização;
- Vibra e / ou se abala em situações de menor importância. 

(...)


(Fonte - site STUM)






E eu que sou só inconstância, emotividade e sensibilidade. Sinais claros do meu descompasso emocional.


Ah, os meus impulsos... Como controlá-los??? 



















quarta-feira, 8 de setembro de 2010





"Meu escudo é um coração de cinco pontas, vermelho, preto e branco..." (Rogério Ceni)


Parabéns ao Mito pelos 20 anos de amor e dedicação ao melhor clube do mundo...
Nos dissemos
que o começo é sempre,
sempre inesquecível,
e, no entanto, meu amor, que coisa incrível,
esqueci nosso começo inesquecível.
Mas me lembro
de uma noite
sua mãe tinha saído,
me falaste de um sinal adquirido
numa queda de patins em Paquetá:
mostra... doeu?... ainda dói?...
A voz mais rouca,
e os beijos,
cometas percorrendo o céu da boca...
As lembranças
acompanham até o fim um latin lover,
que hoje morre,
sem revólver, sem ciúmes, sem remédio,
de tédio.


(Latin Lover)


Salve salve João Bosco...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

http://www.youtube.com/watch?v=cBGV74SZBXYAh, o Chico está tocando Suburbano Coração


http://www.youtube.com/watch?v=cBGV74SZBXY

"Interfúndios"

* Palavra que ainda não existe/ Textos por mim assinados.




Interfúndio 16


Não há lama
ou drama
VAZIO


Nem sentido
ou suicídio
VAZÃO


Tudo move
E todos morrem
Medíocre é a tábua
Ou medíocre a salvação?


(meu)
***




De uma praia deserta, em pleno inverno de junho eis que surge a inspiração....





O espetáculo não para
Mas só quem teve lá pode ver
Toda a imensidão do oceano
E o show gratuito das ondas na praia
As pedras e seus mistérios
Rastros de amores, medos e devaneios
Uma lua minguando, tomando outras formas
Medo no pensamento

Um outono frio,
Uma praia deserta,
Loucuras compartilhadas
Foto sem foco

Volto pro vazio do meu dia-a-dia
Voltamos as mesmas canções
Incerteza é a cor da estação
Consola saber
Que o espetáculo não para.
Mesmo sem platéia
O espetáculo não para.
Ainda que ninguém o perceba
O espetáculo não para...